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O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas “Estamira Gomes de Souza”, é um órgão/gerência ligado à reitoria da Universidade Federal de Rondonópolis, através da Secretaria de Assuntos Comunitários.  É composto por núcleos, grupos de estudos, de pesquisas e extensão coordenados por pesquisadores de instituições públicas de diversas regiões do país, por essa razão possui caráter interinstitucional. Os grupos de pesquisa são devidamente certificados na Plataforma Lattes e são voltados à promoção da equidade e do respeito à diversidade étnico-racial, do direito ao bem-viver de todas as formas de vida, do enfrentamento ao racismo estrutural, institucional, ambiental e sistêmico na sociedade brasileira.

 

As atividades do NEABI “Estamira Gomes de Sousa”/UFR são pautadas nas Leis 12.711/12, 7.716/89, 10.693/03, 11.645/2008, entendendo, a partir das duas últimas, que a inclusão das temáticas Afro-brasileiras e Indígenas nas diferentes áreas do conhecimento humano é promovido pela compreensão de que questões interseccionais de classe, raça e gênero, norteiam as relações entre as pessoas, os conteúdos de educação, culturas institucionais, políticas de saúde, as práticas jurídicas, prioridades econômicas, e que a efetivação de ações afirmativas pode auxiliar no combate aos racismo presente nessas dimensões da existência.

Priscila Scudder

NEABI

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Estamira Gomes de Sousa

O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas “Estamira Gomes de Sousa”, carrega um nome importante. A escolha do nome de Estamira se deu em votação direta entre os membros fundadores do núcleo que, entre outras coisas, reconhecem a importância de uma escrita não hegemônica da histórica, do estabelecimento de uma pretografia, e da importância de  legitimar o testemunho histórico de pessoas e grupos subalternizados, de valorizarmos e aprendermos com o saber que carregam consigo, com suas cosmogonias e cosmovisões, com suas explicações sobre a vida, sobre o mundo, sobre o funcionamento das estruturas de poder, pois suas vidas se constituírem em metáforas de liberdade.

 

Mulher negra, pobre, com problemas de saúde, vivendo em condições de extrema exploração e desigualdade sociorracial, Estamira se tornou conhecida após ter sua vida contada em um documentário que leva seu nome como título. Estudada em artigos científicos, serviu de inspiração para vários trabalhos acadêmicos. Em um deles, ao analisar o documentário citado, o autor reflete que:  

Estamira Gomes de Sousa

"Estamira nos surpreende com inúmeros excessos: da miséria, da dor, da negligência, da violência, do abuso sexual, das toneladas de lixo que chegam diariamente no aterro sanitário do Jardim Gramacho na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Este excesso, contudo, é contido, em parte, na determinação de Estamira, uma mulher de 63 anos, diagnosticada como esquizofrênica, e que há mais de 20 anos vive recolhendo seu sustento no lixão. Ela fala, grita, pensa, demonstra, faz, olha, argumenta. Sua voz é o fio condutor de toda a narrativa do documentário, e revela o quanto o poder narrar e expressar um sofrimento faz a vida resistir, mesmo no meio dos escombros e dos detritos. [...]. 'Há os que preferem não ver. A vista das coisas é profunda demais para tão pequeno contato'. No conforto do cinema podemos ouvir e ver a vida resistindo em palavras, e tirando da invisibilidade e esquecimento tanta potência. Diante da tela, fazemos contato com nossa cegueira, contato com nosso desprezo pelos miseráveis, contato com o que é abjeto e nojento, sensações que nada mais são do que ver o que produzimos nas mãos de outros e nas bocas de outros".

 

(SOUZA, Edson Luiz André de. Função: Estamira. Estudos de Psicanálise. Salvador, n. 30, p. 52, Ago. 2017.) 

Estamira é filósofa, guarda saberes, ensina sobre cuidados. Cuidados com o planeta, cuidado com a filha. Estamira morre enquanto aguarda atendimento e cuidados no corredor de uma instituição de saúde. Salve Estamira, o NEABI “Estamira Gomes de Sousa”/UFR, testemunha e honra sua vida. 

Priscila Scudder

Conheça mais sobre Estamira Gomes de Sousa assistindo ao documentário Estamira (2004), do diretor Marcos Prado

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